Especialistas avaliam impactos sobre a inflação global, balança comercial e desafios imediatos para empresas exportadoras brasileiras
A decisão dos Estados Unidos, sob liderança de Donald Trump, de aumentar as tarifas sobre o aço intensifica as incertezas no comércio internacional e pressiona especialmente os mercados emergentes. Em um cenário já marcado por tensões com a China, a medida pode acelerar a inflação global ao elevar os custos de insumos estratégicos e influenciar os preços de commodities, como aponta Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital. “Esse movimento gera maior volatilidade cambial e impacta diretamente os investimentos em países como o Brasil”, afirma o executivo.
Segundo ele, o governo brasileiro precisa acompanhar os desdobramentos com atenção redobrada e buscar ajustes nas políticas fiscal e monetária. O objetivo, segundo Da Matta, deve ser proteger a balança comercial e garantir estabilidade econômica diante de um cenário que tende a restringir o fluxo de capitais e aumentar a percepção de risco em relação ao país.
Para as empresas brasileiras, o impacto é imediato e afeta diretamente a competitividade no cenário internacional. André Matos, CEO da MA7 Negócios, destaca que o aumento das tarifas cria um desafio adicional para a gestão financeira, em um momento em que o crédito já está mais caro e os custos operacionais elevados. “O setor industrial pode enfrentar margens mais apertadas e risco financeiro ampliado, exigindo ações rápidas”, analisa.
Matos acredita que o governo pode ter papel estratégico nesse momento, com a criação de garantias de crédito e linhas específicas voltadas aos exportadores. Segundo ele, esse suporte ajudaria a preservar o fluxo de caixa e reduzir os efeitos negativos sobre as margens operacionais de empresas brasileiras que atuam no mercado externo.
Com o agravamento das tensões comerciais e o aumento de barreiras protecionistas, especialistas defendem uma atuação coordenada entre governo e setor produtivo para manter a relevância do Brasil nas cadeias globais de valor. A adaptação ao novo cenário pode ser decisiva para a saúde econômica do país no médio e longo prazo.
