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Anestesiologista Hugo Dantas alerta sobre riscos e a importância de avaliação individualizada no uso dos medicamentos
O crescente uso de medicamentos como Ozempic e Wegovy, popularmente conhecidos como “canetinhas emagrecedoras”, tem levantado discussões no meio médico, principalmente quando se trata de procedimentos cirúrgicos sob anestesia geral. Embora recomendadas para controle de peso e tratamento do diabetes tipo 2, essas substâncias podem interferir no esvaziamento gástrico e, com isso, aumentar os riscos durante a anestesia.
Segundo o presidente da Coopanest Bahia, Hugo Dantas, a suspensão desses medicamentos antes de cirurgias deve ser avaliada com cautela. Ele lembra que, apesar da recomendação conjunta de três sociedades médicas brasileiras pela interrupção do uso, esse protocolo ainda é restrito a poucos países, e diverge de diretrizes internacionais como a da American Society of Anesthesiologists, que não recomenda a suspensão de forma rotineira.
Hugo destaca que a orientação deve ser individualizada, considerando principalmente a presença de sintomas gastrointestinais como náuseas ou refluxo. Ele alerta que suspensões automáticas e sem análise clínica podem gerar cancelamentos desnecessários e impactar o fluxo de cirurgias. “Transformar uma recomendação em regra geral é um erro quando estamos lidando com um cenário ainda em construção e que demanda mais evidências científicas”, afirma.
A avaliação pré-anestésica é o momento crucial para esse tipo de decisão. É nesse contato que o anestesiologista coleta o histórico do paciente, os medicamentos em uso e determina a conduta mais segura. A omissão de informações ou decisões padronizadas pode comprometer a eficácia do tratamento cirúrgico e aumentar riscos.
Por isso, quem faz uso contínuo das canetinhas emagrecedoras e vai passar por uma cirurgia deve sempre relatar esse uso ao anestesiologista. O diálogo com a equipe médica é fundamental para alinhar segurança, atualizações científicas e a realidade clínica de cada paciente.