Projeto Ẹ̀KỌ́ une educação, ancestralidade e tecnologia com coordenação de Ricardo Carvalho e Dijara Santos à frente da iniciativa
Com lançamento previsto para o segundo semestre de 2025, o primeiro sistema de ensino afrocentrado do Brasil promete revolucionar a educação de base ao colocar os saberes, histórias e cosmovisões africanas no centro do processo pedagógico. Batizado de Ẹ̀KỌ́ — palavra iorubá que significa “educação” —, o projeto é resultado da parceria entre o Escritório do Pensamento, o Projeto África 360 e a empresa baiana Delá, fundada por Dijara Santos, contando ainda com a coordenação pedagógica do professor Ricardo Carvalho e produção executiva de Marília Carvalho.
Mais do que um material didático, o sistema traz uma proposta completa: trilhas formativas para educadores, plataformas digitais com estética negra e pilares estruturais baseados em ancestralidade, inovação e justiça racial. O projeto também terá uma instância simbólica de curadoria chamada Bancada de Ancestrais, composta por personalidades históricas da luta negra como Malcolm X, Nzinga, Bell Hooks, Conceição Evaristo, Dandara e Milton Santos. Com essa base, o Ẹ̀KỌ́ visa resgatar o orgulho, a identidade e o protagonismo da juventude negra no ambiente escolar.
Entre os diferenciais da proposta estão tecnologias educacionais avançadas — como inteligência artificial crítica, robótica e ferramentas para regiões com baixa conectividade — sempre com uma linguagem afrocentrada. A meta, segundo os idealizadores, é formar jovens protagonistas da inovação, da ciência e da arte, sem abrir mão do vínculo com suas raízes e histórias. “Não é adaptação, é fundação. É um novo marco educacional com o olhar voltado para a emancipação”, afirma Ricardo Carvalho.
Dijara Santos, fundadora da Delá, destaca o aspecto afetivo e político do projeto. “O Ẹ̀KỌ́ nasce do meu ventre, do amor pelo meu filho e da urgência de transformar a educação para crianças negras. É um sistema onde nossas crianças deixam de ser coadjuvantes e passam a ser autoras do próprio saber”, reforça. Já Marília Carvalho frisa o compromisso com a visibilidade negra: “Cada página é um gesto pedagógico de valorização e afirmação”.
A equipe do projeto tem agenda internacional marcada: em outubro, os idealizadores estarão na África do Sul para encontros com investidores e articulações que visam à expansão internacional do sistema. Com envolvimento de educadores de diversos estados e do continente africano, o sistema afrocentrado nasce com raízes profundas na Bahia, mas com um olhar global.