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Movimentos de mulheres negras da bahia realizam 8ª edição do julho das pretas

Foto divulgação
Centenas de organizações de mulheres negras no estado da Bahia realizam mais uma edição do Julho das Pretas. Para atender as medidas mundiais de segurança sanitária o evento deste ano será totalmente virtual, mas nem por isso será menor do que nos anos anteriores. Já estão previstas, somente na Bahia, diversas atividades durante todo o mês e uma Ocupação Virtual – 24h das Pretas, durante o dia 25 de Julho, substituindo a tradicional Marcha das Mulheres Negras.
A agenda, criada em 2013 pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, é uma estratégia conjunta e propositiva de incidência política contra o racismo e o sexismo, protagonizada por organizações e movimento de mulheres negras da Bahia, região Nordeste, e outros estados do país como Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Pará e Brasília.
Como também já é costume em todos os estados do Nordeste, o Julho das Pretas 2020, vem com um tema geral comum que reflete sobre as demandas emergenciais das mulheres negras e a conjuntura política. Este ano, a chamada unificada clama pelo tema “Em Defesa das Vidas Negras, pelo Bem Viver”.
A chamada aciona o momento político internacional, que tem clamado pela importância da defesa da vida das pessoas negras. O movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) tem agregado força mundial à agenda política que o movimento negro brasileiro vem há décadas denunciando como “genocídio da população negra”, que nada mais é do que as diferentes formas de mortes em que as pessoas negras estão submetidas pela ação ou negligência do Estado. 
O descaso do governo brasileiro com as medidas de contenção à pandemia é mais uma forma de genocídio, visto que todos os números apontam para a maior letalidade do vírus em pacientes negros e pobres.
“Na atual conjuntura, a defesa da vida da população negra é o norteador da organização política das mulheres negras. Somos nós que estamos na linha de frente fazendo o enfrentamento cotidiano dos impactos mais terríveis da pandemia pra nossa população”, comenta Lindinalva de Paula, ativista da Rede de Mulheres Negras da Bahia.
No ano que completa 5 anos da Marcha Nacional de Mulheres Negras, contra o Racismo, a violência e pelo Bem Viver, as mulheres negras da Região Nordeste reafirmam as exigências de mudança da cultura política e Social do Brasil.
“Não é possível nenhuma democracia no país, se nós, mulheres negras não estivermos participando. Não é possível falar em justiça e igualdade se nós não atingirmos a condição de respeito, se não rompermos com o racismo e o sexismo estrutural que nos oprime e alija de processos. Nós estamos permanentemente em Marcha pelas Vidas Negras, por justiça social, contra todas as formas de opressão, para construir uma nação onde o Bem Viver seja a matriz de um novo projeto civilizatório, e que cada um dos muitos povos que resistem nesse país, façam parte do projeto de desenvolvimento garantindo a preservação das tantas culturais tradicionais”, reflete Valdecir Nascimento, historiadora, mestre em educação, coordenadora executiva do Instituto Odara, e ativista brasileira mundialmente conhecida.
Lindinalva explica que o projeto do Bem Viver é ensaiado pelas mulheres negras de diversas formas: “somos nós que dentro de nossas organizações, comunidades, territórios de identidades, terreiros, quilombos, temos nos levantado e organizado junto com outras o enfrentamento e garantindo práticas de Bem Viver. Essa chamada de 8ª edição vem como uma provocação de nos aquilombarmos em tempos de distanciamento social”.
 Ocupação 24h das Pretas
O movimento de mulheres negras realiza uma ação unificada no dia 25 de Julho. A ação deste ano será uma ocupação virtual por 24h com uma série de atividades em todas as redes sociais com os mais diversos temas e expressões políticas do movimento de mulheres negras. A inscrição de atividade podem ser feitas até o dia 12 de julho.
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeb2OwVzDHOO9OKVLIQVhvCWkc8ZGCm6uoeybROdKseoohSSQ/viewform
 A forma das mulheres negras fazer política
Valdecir Nascimento, do Odara, comenta que as mulheres negras estão organizadas por todo o Globo para a construção de uma política mais justa e humana. “Mobilizar mulheres negras para pensar e apontar formas de incidência política que denunciem as violências e o papel do Estado na reprodução do racismo que nos congela no lugar de sub-humanas é o que faz com que nos articulemos a nível nacional, internacional e globalmente. É preciso reagir coletivamente de forma sistemática contra todas as formas de racismo e violências”, conclui.

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