
O ambiente virtual, essencial para o desenvolvimento de crianças e adolescentes, também se tornou um terreno fértil para crimes graves. Em 2023, o Brasil registrou mais de 96 mil denúncias de exploração sexual envolvendo menores de idade, com destaque para crimes como pornografia infantil, aliciamento e sextorsão. Durante o Maio Laranja, campanha que combate o abuso e a exploração sexual infantojuvenil, o tema ganha ainda mais urgência diante da crescente exposição dos jovens à internet.
Segundo o IBGE, 96,8% dos brasileiros entre 15 e 29 anos estão conectados à rede, aumentando o risco de contato com predadores virtuais. Alessandra Tanure Bulhões, advogada e mestre em Direito, com especialização em Direito Digital, alerta que a vulnerabilidade no mundo online exige atenção redobrada. “O mundo digital reproduz e amplia os riscos do mundo real”, afirma a especialista.
A advogada destaca que, apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garantir proteção integral, o avanço acelerado das tecnologias demanda atualizações constantes na legislação. Sem supervisão adequada e com a ampla circulação de dados pessoais, os jovens se tornam alvos fáceis para práticas abusivas cada vez mais sofisticadas.
Outro ponto crítico é o impacto das redes sociais na saúde mental. Alessandra observa que o uso excessivo pode desencadear quadros de ansiedade, depressão e isolamento, fatores que ampliam a vulnerabilidade emocional e facilitam a atuação de criminosos. A educação digital, segundo ela, deve ser prioridade nas escolas e nas famílias.
Além da conscientização, a especialista defende maior comprometimento das plataformas digitais na proteção do público infantojuvenil, com investimentos em controle de idade, moderação de conteúdo e canais eficazes de denúncia. “A educação digital é uma ferramenta poderosa, e todos devem atuar juntos para tornar a internet um espaço seguro para nossas crianças e adolescentes”, conclui Alessandra.