
O coletivo aposta em um híbrido, onde a realidade aumentada dá as mãos ao teatro e cinema à criação de um game onde o público também conduz a história como jogadores
Serviço O quê: Narrativas para Espetáculo Game, lançanento de “Inimigos”
Quando: 10 de fevereiro, 19h
Onde: online (youtube): https://youtube.com/channel/UCVK9rYM5ghcsM5D7B_SfjPA
Comemorando seu sétimo ano de atividades, o COATO Coletivo, em parceria com o Game Dev Project (GDP – UFRJ), lança em 1º de Abril o Game Inimigos, que poderá ser baixado gratuitamente até 10 de abril no site oficial do grupo, com lançamento no mesmo mês. Para introduzir o público ao processo criativo do jogo, no próximo dia 10 de fevereiro, às 19h, ocorre a live Narrativas para Espetáculo Game em que abordarão os processos de pesquisa e investigação para uma construção híbrida entre teatro e game.
O bate papo, que será exibido pelo Youtube do COATO (https://youtube.com/channel/UCVK9rYM5ghcsM5D7B_SfjPA), contará com a mediação de Mirian Fonseca e Marcus Lobo – diretores de Inimigos – e a participação do game designer Igor Carneiro (GDP), o roteirista do jogo Márcio Ventura, a artista do jogo Yasmin Barbosa e a atriz e coordenadora de acessibilidade Natielly Santos. Além da equipe de criação e construção desse game, o público poderá entender a construção dramatúrgica de Inimigos, que parte de uma obra clássica do norueguês Henrik Ibsen, chamada “O inimigo do povo”.
Outro ponto a ser levantado pelos participantes da live são os desafios e os métodos de criação e como está sendo esse diálogo entre as linguagens – teatro, cinema e game – para compor um espetáculo game e o que estimulou o COATO a desenvolvê-lo. Preocupados com a acessibilidade do projeto, a atriz e mestra em estudos do teatro acessível irá trazer os caminhos para possibilitar que surdos, cegos e pessoas com baixa visão.
O coletivo que se dedica a investigar e desenvolver linguagens cênicas híbridas e vem se instrumentalizando em estudos de jogos de realidade alternativa (ARG). Para isso, convidou o GPD, centro multidisciplinar voltado ao desenvolvimento de jogos, com a missão de borrar as barreiras que diferenciam os aspectos reais e ficcionais encontrados no teatro, jogos e narrativas cinematográficas.
“Temos muitos exemplos de jogos educativos e outros que partem de uma literatura, mas ainda é algo novo para nós do campo das artes cênicas, com isso desenvolvemos essa live para mostrar os desafios e diferenças entre as construções narrativas para o teatro e para um game; e, como está sendo pensado e estudado a acessibilidade durante o processo de criação”, comenda um dos diretores, Marcus Lobo.
Inimigos
A trama original conta a história de um médico em uma pequena cidade litorânea norueguesa que, ao tornar público um problema de contaminação dos recursos hídricos no balneário, torna-se gradativamente o inimigo do povo, ao contrário do que imaginara enquanto prestava esse parecer à saúde pública da população.
Na adaptação da peça, o roteiro recebe uma roupagem especial, carregada de características imbricadas tanto ao universo dos jogos quanto ao nosso território, tempo, questões ambientais e de saúde. A obra virtual propõe uma reflexão sobre questões apontadas pelo dramaturgo Norueguês (1882), mas que também trouxesse relação com o agora. A escassez dos recursos hídricos, o descaso com a saúde pública e a corrupção política e social.
O jogo em ARG propõe uma ampla ocupação dos espaços da cidade, onde os personagens e os jogadores interagem mesclando as narrativas ficcionais e reais. “O real e a ficção é o que me move quanto criadora cênica, por isso trabalhar no campo do game tem sido uma descoberta interessante e desafiadora, pois é preciso entender qual narrativa se estabelece ali e como ela se constrói levando em conta elementos que são únicos tanto do game quanto do teatro”, comenta Mirian Fonseca, diretora responsável pelo projeto junto a Marcus Lobo.
Carregado de suspense, temos a montagem de cenários abertos para que o espectador/jogador trilhe o próprio caminho dentro dos conflitos apresentados pela obra. “O espectador passa a ser jogador e fica responsável pelas tomadas de decisões estabelecidas ali, ele não pode se isolar das escolhas que são propostas e que acabam por unir o mundo real do espaço do jogo”, comenta Fonseca.
Sua frente multifacetada (teatro, cinema e game) deve atrair diversos perfis de jogadores conectados à rede, estimulando à consciência crítica durante a condução de suas escolhas na trama. É possível tornar-se um “inimigo” individual ou coletivamente, já que nessa realidade o jogador deverá assumir a identidade de um Personagem Título, ou atuar em um grupo de no máximo seis pessoas conectadas em rede, cada uma com seu respectivo personagem— cada perfil e suas escolhas impactarão no rumo da história.
Pesquisas
Esse estudo vem sendo desenvolvido dentro das pesquisas do COATO desde 2018, na realização do segundo liquidificador de Mídias – uma plataforma de desenvolvimento de pesquisa acerca das mediações tecnológicas na criação de obras cênicas. Na última edição o encontro pautou O real e a ficção nas obras contemporâneas. Mirian Fonseca, comenta que “a proposta dialoga diretamente com a poética do Coato, pois nossas pesquisas são ligadas às poéticas tecnológicas.”
Os ARGs – Jogos em Realidade Alternativa (tradução do inglês) – costumam acontecer no espaço físico, a cidade é o cenário da ação. “Encontramos no Game a possibilidade de recriar as relações da presença em um ambiente virtual, colocando os espectadores/jogadores na condição de condutores da narrativa de uma ou de mais Personagens Título, que é como estamos chamando os NPCs (personagens Jogáveis ou Chefe de fases dessa trama)” descreve Lobo.
Para além da direção de Mirian Fonseca e Marcus Lobo, o projeto traz o cineasta Marcio Ventura no roteiro, Igor Carneiro como designer de jogo e Yasmin Barbosa nas artes. Natielly Santos é a coordenadora de acessibilidade, que também atua ao lado de Genário Neto, Mirela Gonzalez, Amanda Cervilho, Victor Sampaio e Matheus Nasca. O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal”.