Na edição 2024, que acontece entre os dias 18 e 25 de agosto, a Associação Cultural de Capoeira Mangangá vai homenagear o lendário “Besouro Mangangá” – Manoel Henrique Pereira – capoeirista baiano, nascido em Santo Amaro da Purificação, que no início do século XIX tornou-se o maior símbolo da Capoeira da Bahia. Além disso, por seus poderes “sobrenaturais”, consagrou-se um personagem lendário/mitológico para os praticantes da Capoeira.
O evento será realizado nos bairros Pau Miúdo, Sete de Abril, Tancredo Neves, (Farol da Barra com a roda da corda nova), Terreiro de Jesus, Cabula, Comércio: Mercado Modelo e Arena da Capoeira e em Simões Filho. E terá ações como: oficinas de percussão, dança afro, teatro, samba de roda, maculelê, Berimbalada, musicalidade e puxada de rede. Rodas de conversas, vivência, mostra de cinema, aulão público, Arrastão musical com o Festival de Samba Reggae andante. Além do batizado, troca de graduações e formatura.
Este ano, a programação do Artes em Movimento: Encontro Cultural e Intercâmbio Internacional de Capoeira Mangangá estará voltada a uma reflexão sobre o tema com objetivo de salvaguardar, preservar e divulgar ainda mais a história de um herói nacional, esquecido por muitos, por representar uma classe oprimida, que não conseguia registrar a própria história por falta de oportunidades. Além de fortalecer os saberes tradicionais e promover o direito à cultura.
Para Tonho Matéria, organizador do evento, Besouro é de fundamental importância para a cultura esportiva. “Muito mais próximos de nós, brasileiros, do que o famoso Pantera Negra da Marvel Comics, Besouro virou um mito, um símbolo da resistência negra a toda violência que a sociedade impôs aos homens e mulheres que construíram o país com grilhões em suas pernas e braços. No estado da Bahia, a Wakanda brasileira, Besouro ainda é bem vivo nas rodas de conversa entre praticantes e estudiosos/pequisadores da capoeira. Pouco se sabe sobre Manuel Henrique Pereira (filho de Maria José conhecida como Maria Aifa e João Matos Pereira conhecido como João Grosso). Registros oficiais mostram que ele nasceu em 1895 e/ou 1900 e foi a primeira geração da família a não estar preso por grilhões de ferro”.
Ainda segundo levantamento de dados feito por Tonho, Besouro aprendeu os primeiros passos da capoeira na rua Trapiche de Baixo, sob a orientação de mestre Alípio, um ex-escravizado muito conhecido nas imediações do município de Santo Amaro da Purificação. Ele morreu jovem (assassinado no arraial de Maracangalha) de acordo alguns documentos, aos 24 e/ou 29 anos de idade, no dia 8 de julho de 1924, merecedor, segundo a comunidade da capoeira de um capítulo na nossa página e o compartilhamento de todos capoeiristas do mundo.
“Este projeto, pretende demonstrar estéticas simbólicas e políticas, embasado na mais ampla e rigorosa base empírica. Daí, a necessidade urgente da revolução da capoeira desde a era Besouro Mangangá. Ainda que não tenha deixando registro fotográfico, o Mestre Sidney da cidade de Santo Amaro, imbuiu-se ao retrato falado de Besouro, tendo como análise, a pesquisa e estudo da professora e historiadora Maria Mutti, assim como dados coletados por ele (mestre Sidney), das mãos do mestre Lampião”, acrescentou Tonho.