Método inédito no país associa diagnóstico e cuidado do sono à saúde mental, reforçando a importância do descanso na recuperação emocional
O sono desempenha um papel essencial na regulação emocional, na memória e nos processos cognitivos, sendo um dos pilares da saúde mental. Apesar disso, a relação entre os distúrbios do sono e os transtornos psicológicos ainda é pouco explorada no Brasil. Em Salvador, um serviço inédito vem mudando esse cenário: a Clínica Holiste Psiquiatria passou a integrar a Medicina do Sono ao tratamento de pacientes com transtornos mentais, oferecendo um acompanhamento mais completo e eficaz.
A novidade utiliza a polissonografia — exame que registra as atividades fisiológicas durante o sono — para identificar alterações que frequentemente estão associadas a depressão, ansiedade, bipolaridade e esquizofrenia. De acordo com o médico psiquiatra Kayo Barboza, responsável pelo serviço, “a normalização da arquitetura do sono contribui para a melhora do humor, da ansiedade e da resposta ao tratamento medicamentoso”.
Barboza explica que mudanças no padrão de sono podem ser os primeiros sinais de sofrimento psíquico, o que torna o diagnóstico precoce fundamental. “Alguns distúrbios do sono podem agravar quadros psicológicos, por isso o acompanhamento especializado é essencial. O sono é um marcador biológico muito sensível às funções cerebrais e emocionais”, ressalta.
Na Holiste, os exames são realizados durante a internação psiquiátrica, o que permite diagnóstico e tratamento imediatos, sem necessidade de deslocamento. O ambiente é controlado, confortável e conduzido por equipe multiprofissional sob supervisão médica. “Restaurar a qualidade e a arquitetura normal do sono provoca efeitos positivos de longo prazo, com melhora da concentração, memória e humor, além de reduzir o risco de recaídas”, complementa o psiquiatra.
A polissonografia é indicada para pessoas que enfrentam insônia resistente, sonolência diurna, parassonias (como sonambulismo ou terror noturno), distúrbios de movimento durante o sono e ronco. O exame é não invasivo e, segundo o médico, pode ser repetido conforme a necessidade de cada caso.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os distúrbios do sono atingem cerca de 45% da população mundial. No Brasil, um terço das pessoas sofre de insônia ou outros problemas relacionados, como a apneia obstrutiva do sono — condição que aumenta o risco de doenças metabólicas, neurológicas e transtornos mentais.
Com a integração da Medicina do Sono ao tratamento psiquiátrico, a Holiste busca promover um cuidado mais amplo, que reconhece o descanso como parte essencial da recuperação emocional e da saúde integral.
