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Cuidados Paliativos beneficia tratamento de câncer de mama ao oferecer assistência multiprofissional

Foto divulgação


O câncer de mama deve atingir 66,2 pessoas neste ano, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), sendo o segundo tumor que mais atinge mulheres, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Diante desse cenário, a campanha Outubro Rosa é realizada todos os anos para conscientizar e chamar a atenção para essa doença. A importância do diagnóstico precoce é o foco principal das ações por ser determinante na possibilidade de cura, contudo esse não é o único aspecto que tem impacto no curso do tratamento. A oncologista da S.O.S. Vida Patrícia Espiño esclarece que a adoção de Cuidados Paliativos desde o diagnóstico também pode trazer benefícios significativos para os pacientes, aliviando os sintomas e reduzindo o efeito da enfermidade.

 

Apesar disso, ainda é preciso desmitificar esse procedimento. “Há muito preconceito sobre os Cuidados Paliativos por associá-lo a doenças terminais e sem perspectiva de cura. O que é uma visão limitada, já que toda enfermidade grave que ameace a vida tem indicação para esses procedimentos. Isso não significa que o paciente vai evoluir para óbito, mas pode ter a trajetória do tratamento com um controle mais adequado dos sintomas e reduzindo os impactos negativos da doença, aliviando o mal-estar e proporcionando mais conforto”, explica.

 

Os Cuidados Paliativos são promovidos por uma equipe multiprofissional, contemplando a integralidade do sujeito e assistência proporcional ao momento da doença, focando em melhorar a condição de vida, controlar os sintomas físicos e emocionais que afetam a condição geral, além de estimular ações que melhorem a qualidade de vida. “Quando a mulher tem diagnóstico de câncer de mama geralmente é acompanhada por um oncologista e mastologista e só vem para os Cuidados Paliativos quando não há mais possibilidade de cura. No entanto, isso poderia ser feito desde o início e a equipe multiprofissional poderia atuar em diversas esferas, até porque essa doença não afeta apenas a saúde física da mulher, mas também outros aspectos, como emocional”, defende a médica paliativista Ana Rosa Humia, coordenadora médica da S.O.S. Vida.

 

Ela explica que a equipe pode ser acionada para controlar os sintomas, como vômito, desidratação, náusea e até mesmo dor. De acordo com Ana Rosa Humia, 80% dos pacientes oncológicos sentem dor nas últimas horas de vida e isso poderia ser mitigado com uso de analgesia. As terapias integrativas podem trazer importantes benefícios para os pacientes, contudo, o auxílio de medicações não deve ser negligenciado principalmente nos casos associados a doenças crônicas, como o câncer. Através dessa ferramenta, o Programa de Controle da Dor da S.O.S. Vida consegue alcançar uma contenção desse sintoma acima de 95% nos pacientes tratados com opiáceos há mais de 10 anos. Esse indicador é calculado com base no monitoramento diário dos sinais diretos e indiretos, como agitação, gemência, frequências cardíaca e respiratória, pressão e diálogo com os pacientes que estão em condições de interação.

 

Sofrimento psíquico – O psicólogo também pode auxiliar nesse processo, já que a dor é subjetiva, podendo ser gerada ou ampliada a partir de uma questão emocional. O psíquico é ainda mais afetado no câncer, que traz o estigma de ser uma doença maligna com associação direta com sofrimento e morte. Quando se apresenta na mama, os impactos podem ser ainda maiores, uma vez que esta representa a feminilidade da mulher. A psicóloga da S.O.S. Vida Cláudia Cruz ressalta que o tratamento dessa enfermidade, que geralmente é cirúrgico para retirada parcial ou total da mama, pode ser traumatizante, “não só pela perda de uma parte do corpo, mas também pelas alterações que a cirurgia gera na aparência, na sensibilidade, na funcionalidade, impactando na desconfiguração e alterando essa imagem corporal”.

 

“A mastectomia e a perda súbita do cabelo, que deixa a doença ainda mais exposta, afetam a autoestima e gera tristeza, sentimento de desvalia, vergonha de si mesmo e do outro, comportamento de evitação frente ao espelho e ao toque. Por isso, é importante buscar suporte psicológico para cuidar dos medos, angústia e ressignificar esse momento de vida, além de ajudar na orientação da doença”, explica Cláudia, acrescentando que o psicólogo pode, com auxílio de uma equipe multiprofissional, ajudar a melhorar a adesão ao tratamento e no diálogo com os demais especialistas envolvidos na terapia, preparar emocionalmente o paciente para procedimentos cirúrgicos, sobretudo, os mutiladores e que envolvem perda de parte do corpo, além de auxiliar na adaptação à doença e reduzir distúrbios emocionais como ansiedade e depressão.

 

A psicóloga também orienta que as mulheres com câncer de mama tentem retirar o foco da doença, organizando rotinas que incluam hábitos saudáveis, trocando experiência com outras pessoas na mesma condição, valorizando momentos positivos no dia-a-dia e buscando uma rede de apoio, o que inclui a equipe assistencial. Para ela, acesso a informações confiáveis contribuem nesse processo, o que pode ser fornecido por assistentes sociais, que também compõem a equipe de Cuidados Paliativos e podem auxiliar os pacientes em aspectos como benefícios e direitos relacionados à doença.

 

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