João Paulo Vani e a dona Elza Daghlian, viúva do professor Daghlian, no palco, no momento da outorga do prêmio.
A data escolhida para publicação das obras, dia 24 de abril, é o dia em que a comunidade internacional recorda o início do Genocídio Armênio, em 1915
A Academia Brasileira de Escritores e o Grupo Editorial HN, com o intuito de manter viva a memória do Prof. Dr. Carlos Daghlian, e divulgar pesquisas que possam colaborar para o desenvolvimento acadêmico, humano e humanitário, criou o edital de fomento à publicação científica denominado Prêmio Carlos Daghlian. A publicação das obras premiadas foi concluída no início de 2020, e disponibilizadas no último dia 24 de abril, data que marca os 115 anos do início do Genocídio Armênio, em homenagem ao povo armênio e, em especial, ao professor Daghlian, descendente de armênios.
Em sua primeira edição, o edital selecionou três trabalhos acadêmicos que que analisam traumas coletivos, envolvendo raças e etnias, contemplando assim pesquisadores brasileiros de reconhecida qualidade intelectual. Foram selecionadas as seguintes obras:
• Leitura da imagem: do verbo às capas de O cortiço no século XXI, de Luciana Paula Bento Luciani;
• Narrar a morte: um estudo de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Kátia Pelegrino;
• White Noise e Cosmopolis: Análise do processo de desumanização em ficções pós-modernas, de Ana Carolina dos Santos Marques.
De acordo com João Paulo Vani, presidente da Academia Brasileira de Escritores, coordenador editorial do Grupo HN, e ex-aluno do professor Daghlian, a criação do Prêmio Carlos Daghlian é resultado do respeito profissional pelo grande pesquisador, somado à admiração pessoal pela figura calma, paciente e honesta: “É perfeitamente natural que cada pessoa guarde com carinho um ou mais professores, pessoas que auxiliaram no amadurecimento pessoal e profissional. E isso se torna ainda mais forte em uma turma de licenciatura, afinal, formar professores é uma atividade bastante nobre. O professor Daghlian teve em minha carreira uma importância muito grande, tanto que meus estudos de mestrado e doutorado não apenas estão na área de Literatura Comparada, mas se debruçam sobre o terror e o trauma na literatura”, revela Vani.
Quem foi Carlos Daghlian
Professor Titular do Departamento de Letras Modernas e Professor Emérito do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), câmpus Unesp em São José do Rio Preto, Carlos Daghlian era Bacharel e Licenciado em Letras Anglo-Germânicas (1962) pela Universidade de São Paulo (USP), Master of Arts (1965) pela Pepperdine University de Los Angeles, Doutor em Letras (1972) pela Universidade de São Paulo (USP), Livre-Docente (1987) e Titular (1993) pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), ministrou aulas de Literatura Norte-Americana para os cursos de graduação de 1967 a 2003 e, para a pós-graduação, Teoria da Literatura, de 1979 a 2006.
Presidente emérito da Associação Brasileira de Professores Universitários de Inglês da Associação Brasileira de Professores Universitários de Inglês (ABRAPUI), Daghlian era autor dos livros “Emily Dickinson: A Visão Irônica do Mundo” (São José do Rio Preto: Vitrine Literária, 2016); “As técnicas de persuasão em Moby Dick”(São José do Rio Preto: Vitrine Literária, 2013) e “Os Discursos Americanos de Joaquim Nabuco” (Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1988); organizador do livro Poesia e Música (São Paulo: Perspectiva, 1985); publicou capítulos de livros e artigos em periódicos especializados sobre Edgard Allan Poe, Herman Melville, Emily Dickinson, entre outros, no Brasil e no exterior. Desde 2009 era membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura.
Descendente de armênios, razão pela qual este prêmio irá laurear trabalhos acadêmicos que analisem traumas coletivos, envolvendo raças e etnias, “filho de […] Leon e Huripsime Daghlian, sobreviventes do massacre que os turcos impetraram aos armênios à época da Primeira Grande Guerra, por volta de 1915, quando mais de um milhão de armênios perderam a vida”, o professor Daghlian era um homem disposto a ensinar sobre tolerância em um mundo repleto de ódio. Em 2015, nas celebrações que marcaram os 100 anos do genocídio perpetrado pela Turquia ao povo armênio, o docente contribuiu com a Revista Unesp Ciência (ed. 65) com o artigo “Um genocídio quase esquecido”.
Para mais informações, sobre o Prêmio Carlos Daghlian, consulte o hotsite: https://abresc.com.br/edital/premio-carlos-daghlian/
Para baixar gratuitamente as obras publicadas no escopo do Prêmio Carlos Daghlian, acesse: http://www.grupohn.com.br